Os répteis (do latim, reptilis, que rasteja) constituem uma classe de animais vertebrados tetrápodes, que abrange cerca de 7 mil espécies conhecidas.
A classe Reptilia inclui as tuataras, os lagartos, os crocodilianos, as tartarugas e as aves, juntamente com vários grupos extintos, como os plesiossauros e os ictiossauros (Figura 1). Nesta postagem, trataremos apenas dos répteis, não aves, que serão abordadas em outro post.
Tuatara (Sphenodon pinctatus) |
Diabo espinhoso (Moloch horridus) |
Tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) |
Figura 1 - Espécies de répteis atuais (não aves).
Todas as linhagens atuais desse grupo são altamente derivados e, portanto, nenhuma pode ser um modelo direto para os primeiros répteis, que viveram há 320 milhões de anos (Figura 2). No entanto, estudos comparativos tem permitido inferir algumas características derivadas que provavelmente distinguiram os primeiros répteis de outros tetrápodes.
Figura 2 - Filogenia dos amniotas (CAMPBEL, 2010). |
Foram os primeiros vertebrados efetivamente adaptados à vida ao ambiente terrestre e lugares secos ---> NOVIDADES EVOLUTIVAS:
- O corpo recoberto por uma grossa camada impermeável, composta pela proteína queratina, e os pulmões bastante eficientes nas trocas com o ambiente aéreo, lhes conferiu grande adaptação à terra firme.
- O ovo aminiótico foi a principal inovação evolutiva que permitiu a conquista definitiva do ambiente terrestre. Esses ovos são protegidos por uma casca membranosa ou calcária, e seus embriões desenvolvem estruturas extra-embrionárias (saco vitelínico, âmnio e alantóide), que permitem seu desenvolvimento fora da água (Figura 3).
Figura 3 - Ovo amniótico. (Fonte: CAMPBEL, 2010) |
Estrutura e fisiologia dos répteis
1. Esqueleto, Revestimento e controle da temperatura corporal
O sistema esquelético é semelhante ao dos outros tetrápodes, apesar de algumas modificações em certos grupos devido ao seu modo de vida. Por exemplo:
- Serpentes não tem pernas, portanto, não apresentam esqueleto apendicular (Figura 4). Há evidências de que seus ancestrais tinham patas, que desapareceram ao longo da evolução;
Figura 4 - Serpente terrícola de atividade crepuscular e noturna. Encontrada na América do Sul. Fonte: http://www.biologia.seed.pr.gov.br) |
- Quelônios (tartarugas, jabutis e cágados) tem as costelas fundidas à carapaça óssea (Figura 5).
Figura 5 - Fonte: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ |
A estrutura do crânio e do esqueleto apendicular dos répteis pode ser consideradas “mais avançada” que a dos anfíbios, permitindo a locomoção mais eficiente em ambiente terrestre.
A pele que reveste o corpo dos répteis, assim como nos outros vertebrados, é constituída pela derme e epiderme.
As epiderme é espessa e altamente queratinizada, o que se constituí em estratégia adaptativa contra a dessecação e abrasão, visto que no ambiente terrestre a umidade é baixa e a perda de água tem que ser reduzida.
A pele pode apresentar escamas (cobras), placas (jacarés, crocodilos) ou carapaças (tartarugas, jabutis) (Figura 6).
Figura 6 |
Os répteis são descritos como animais de “sangue frio”, porque não utilizam o metabolismo para controlar a temperatura do corpo.
Costumam regular a temperatura corporal através de adaptações no comportamento. Por exemplo, muitos lagartos se aquecem no sol quando o ar está frio e procuram sombra quando o ar está muito quente.
Pelo fato de se utilizarem de calor externo para se aquecer, os répteis são chamados de ectotérmicos(do grego, ecto, de fora; e termo, calor), termo mais apropriado que “sangue frio”.
2. Sistema Respiratório
A respiração dos répteis é pulmonar; seus pulmões são mais desenvolvidos que os dos anfíbios, apresentando dobras internas que aumentam a sua capacidade respiratória.
A presença de músculos ao redor das costelas permite que expandam e contraiam a caixa torácica, forçando a entrada e saída de ar dos pulmões (ventilação pulmonar) (Figura 7).
As serpentes apresentam apenas um pulmão, provavelmente uma adaptação a sua forma corporal cilíndrica.
Figura 7 |
3. Sistema Circulatório
Assim como os anfíbios, as aves e os mamíferos, os répteis tem dupla circulação.
Na maioria, o coração é dividido em 3 câmaras: 2 átrios e 1 ventrículo parcialmente dividido por uma parede interna, o que diminui a mistura de sangue venoso e arterial durante a contração ventricular (Figura 8).
Nos crocodilianos, a separação ventricular é completa e seu coração possui 4 câmaras cardíacas.
Figura 8 |
4. Nutrição, digestão e excreção
Em sua maioria, os répteis são animais carnívoros; algumas espécies são herbívoras e outras são onívoras. Eles possuem sistema digestório completo. O intestino grosso termina na cloaca (Figura 9).
Figura 9 |
A maioria excreta resíduos nitrogenados na forma de ácido úrico. Esse substância, menos tóxica que a amônia, é pouco solúvel na água e pode ser eliminada na urina com economia de água pelo organismo.
A excreção é realizada por um par de rins. Em alguns, a urina produzida é conduzida pelos ureteres diretamente para a cloaca. Em outros, ela é armazenada na bexiga urinária antes ser eliminada pela cloaca.
5. Sistema NERVOSO E SISTEMA SENSORIAL
O sistema nervoso dos répteis é comparável ao dos anfíbios, com algumas inovações:
- Visão muito boa;
- Olhos com pálpebras e membrana nictitante, que auxiliam na proteção dessas estruturas;
- Glândulas lacrimais, fundamentais para manter a superfície dos olhos úmida fora da água,
- Olfato excepcionalmente desenvolvido em alguns grupos, como por exemplo, nas serpentes;
As serpentes tem um órgão olfativo especial no teto da boca, o órgão de Jacobson, que lhes permite o equivalente a “sentir o gosto no ar”. Por isso, observamos o comportamento característico das serpentes de colocar a língua bifurcada continuamente para dentro e para fora da boca, o que lhes permite captar moléculas no ar e levá-las até ao órgão de Jacobson (Figura 10).
A serpentes são “surdas” aos sons propagados pelo ar, mas conseguem captar vibrações no solo através dos ossos do crânio.
Figura 10 |
6. REPRODUÇÃO
Em sua maioria, os répteis são dioicos e ovíparos.
Os machos são dotados de um órgão copulador, o pênis, com o qual introduzem os espermatozoides na cloaca da fêmea a durante a cópula.
Ocorre fecundação interna e desenvolvimento direto.
Algumas espécies são ovovivíparas, e umas poucas são vivíparas.
Os ovos da maioria das espécies de lagartos, serpentes e tartarugas são protegidos por uma casca flexível. Já os ovos de cágados, crocodilos e alguns lagartos apresentam casca rígida, como os das aves (Figura 11).
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